terça-feira, 24 de junho de 2014

Copa-2014: Breguice Futebol Clube

Dentro de campo, esta Copa vem justificando a alcunha de "a maior da história", seja em virtude dos 108 gols em 36 partidas realizadas até o momento (média de 3 por jogo) ou de equipes modestas que peitaram adversários bem mais tradicionais de igual para igual (que o diga a Costa Rica, que derrotou duas campeãs mundiais, Itália e Uruguai, além de matematicamente eliminar a fanfarrona Inglaterra logo na segunda rodada). Até aí, beleza! Só que, fora das quatro linhas, a história tem sido diferente, especialmente nas arquibancadas: nunca vi uma torcida tão apagada e brega como a nossa. Nem parece que estamos sediando o torneio de futebol mais badalado do planeta...
Antes que algum ufanista perca seu tempo me acusando de semear o antipatriotismo, eu o convido a prestar atenção no público acomodado nos assentos dos estádios enquanto estiver assistindo a um jogo pela TV ou in loco. Desde o início da competição, os visitantes têm feito muito mais festa do que os donos da casa, embora a FIFA tenha proibido a entrada de instrumentos musicais em face das insuportáveis vuvuzelas assopradas no Mundial anterior, na África do Sul. De que adiantou 50 mil brasileiros terem cantado o Hino Nacional à capela se, durante os 90 minutos da partida no Castelão, suas vozes foram abafadas por uma minoria mexicana de 15 mil cabeças? Em Natal, até os poucos gregos que deram as caras na Arena das Dunas foram mais ouvidos do que o público majoritariamente nativo.
Não é difícil traçar o perfil dos torcedores brasileiros que vêm marcando presença nas arenas da Copa. Em geral, são aqueles cidadãos acostumados a ver os jogos com todo o conforto do sofá de casa pois provavelmente nunca pisaram em um estádio (ou já o fizeram, mas não cultivam o hábito por causa da violência das organizadas e do mediano nível técnico dos enfadonhos campeonatos estaduais por estas bandas). O que acontece? Uma vez na arquibancada, ficam sentadinhos, estáticos. Não vibram, não jogam junto com a Seleção (como fariam se o time de coração estivesse ali). Limitam-se a sorrir ou acenar bobamente assim que percebem que há uma câmera de TV apontada para si. Como se não bastasse a apatia, os "modinhas" resolveram incomodar a nação inteira entoando o piegas "eu sou brasileiro com muito orgulho, com muito amor" em todas as partidas. Orgulho de quê, cara pálida? Assim que a bola parar de rolar no Maracanã, palco da final, essa turma voltará a reclamar que "o país não presta, só tem corrupção, blablablá".
Só o tempo dirá (talvez nem o próprio diga) qual torcida será considerada a mais alegre ou simpática da Copa, pois a tendência é que os fãs estrangeiros continuem dando um show de animação dentro e fora dos estádios até a final no Maracanã (ou até depois dela, na melhor das hipóteses). O troféu de chatice e antipatia já está em nossas mãos, pelo visto. Cabe aos nosso prezados torcedores, portanto, se espelhar nos mexicanos, chilenos, colombianos, holandeses e até nos arquirrivais argentinos para tentar fazer mais bonito no próximo Mundial, na Rússia, em 2018 - preferencialmente com um repertório bem mais completo do que o singular e insosso "Eu sou brasileiro[...]".

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