segunda-feira, 19 de dezembro de 2011

quinta-feira, 1 de dezembro de 2011

Gota D'Água: um belo monte de lorota

Há duas semanas circula na internet o vídeo do movimento Gota D'Água, criado com o intento de se opor à construção da usina hidrelétrica de Belo Monte, no estado do Pará, e apoiado por atores da Rede Globo. Longe de questionar a filiação profissional dos envolvidos na militância, resolvi ver o outro lado da moeda pesquisar opiniões favoráveis (livres de qualquer influência político-partidária, entenda-se) à realização da obra e concluí - ainda que preliminarmente - que, por mais notável que seja a sua preocupação com a questão ambiental da coisa, o grupo carece de argumentos mais sólidos para questionar o projeto amazônico.

Ponto 1
Toda obra do porte da usina de Belo Monte necessariamente gera impactos ambientais. Não custa lembrar, por exemplo, que árvores tiveram de ser derrubadas para que pudéssemos morar em nossas casas ou nos locomover até a cidade mais próxima e visitar nossa família. O que se pode fazer é buscar soluções para reduzir ao máximo os danos (isso sim é importante!) que a central hidrelétrica causará à área onde será erguida.

Ponto 2
Outras formas de geração de energia elétrica se revelariam completamente inviáveis no meio da floresta. Parque eólico? Nem pensar! Ventos não são constantes por aquelas bandas. Ainda que o fossem, a estrutura consumiria muito mais dinheiro do que uma hidrelétrica e exigiria uma maior área de desmatamento. E podem tirar o cavalinho do sol: uma usina solar não funciona à noite, o que levaria à necessidade de armazenar a energia acumulada durante o dia em baterias, que têm vida útil e, portanto, seria um grande desafio procurar um lugar onde elas pudessem ser descartadas de forma segura e sem poluir as margens dos rios amazônicos.

Ponto 3
A Amazônia possui extensão aproximada de 5,5 milhões de km2. De acordo com o atual projeto, a usina alagará 516 km2, o que corresponde a 0,0000938% do território total. Já fazendeiros e madeireiros costumam desmatar cerca de 70.000 km2/ano, o que equivale a mais ou menos 1,27%. Ou seja, os desmatadores derrubam cerca de 13500 vezes mais árvores do que a central hidrelétrica, mas o pessoal do Gota D'Água prefere implicar com um projeto que, se concluído respeitando-se a legislação ambiental, trará desenvolvimento à Região Norte.

Ponto 4
A desapropriação ocasionada pela construção da usina de Belo Monte não merece e não pode ser relegada a segundo plano. Até aí concordo com as palavras dos integrantes do Gota D'Água, só que eles parecem não se lembrar (ou não querem que ninguém seja lembrado) que, no Rio de Janeiro, famílias perderão suas casas em virtude da ampliação das linhas de metrô e de ônibus para a Copa de 2014 e pouco se comenta sobre isso na mídia em geral.


Nada tenho contra quem se opõe à construção da nova usina hidrelétrica no Pará. Afinal, cada cidadão tem a liberdade de concordar ou não com determinado acontecimento pelos motivos que bem entender. O que não vale é tentar convencer a sociedade a desistir de algo que trará benefícios ao país apenas com base em números distorcidos ou meias verdades - ainda mais com o advento de artistas ligados a uma poderosa emissora de televisão.