segunda-feira, 28 de janeiro de 2013

Combustíveis de uma tragédia anunciada

Com a providencial conivência da prefeitura, uma boate funcionava com o alvará vencido. Os proprietários não atentaram para a necessidade de garantir aos frequentadores um mínimo de segurança, o que explica a ausência de saídas de emergência e o uso de isolamento acústico composto de material inflamável. Para completar, um dos integrantes da banda que se apresentava numa madrugada de domingo acendeu um sinalizador em um lugar fechado e repleto de pessoas. A combinação explosiva da leniência do poder público local com a irresponsabilidade humana não poderia ter gerado outro resultado a não ser o incêndio que ceifou mais de 230 vidas na Kiss, uma casa noturna situada em Santa Maria, no Rio Grande do Sul.
Não pretendo apontar A, B ou C como o maior culpado pela tragédia (deixarei isso com a Justiça gaúcha), mas convenhamos que tanta coisa errada contribuiu para que muitas famílias santamarienses agora encarem o último final de semana como o pior de suas vidas. Mesmo os brasileiros que não perderam parentes ou amigos em meio às chamas não deixam de se comover com o fatídico episódio, que poderia ter ocorrido em qualquer outra cidade, dada a enorme quantidade de boates pelo Brasil que funcionam em condições tão adversas (ou até piores) quanto as denunciadas por aqueles que sobreviveram ao inferno na cidade gaúcha. Muito mais do que superar este momento tão difícil, precisamos exigir das autoridades e dos empresários do ramo um maior zelo às normas de segurança para evitar que esse tipo de ocorrência não volte a se concretizar, provocando tantas mortes desnecessárias.

sexta-feira, 25 de janeiro de 2013

Nem São Jorge salva o horário nobre da Globo

Com tantas situações forçadas (ex.: a heroína mequetrefe que localiza a líder da quadrilha de tráfico sexual no banheiro e, em vez de sair do local à francesa, resolve confrontá-la pessoalmente só para tomar uma injeção letal de graça no pescoço) que Glória Perez insiste em enfiar goela abaixo do público, "Salve Jorge" está mais um samba do crioulo doido do que qualquer outra coisa, porque até comédias pastelão possuem alguma lógica do enredo. É difícil acreditar que a novelista, já agraciada com um Emmy (uma espécie de Oscar da TV), tenha perdido a mão em seu mais recente trabalho. Enquanto isso, aqueles que resistem a aturar os elementos exagerados da trama ficam rezando para que a delegada-perua Helô resolva os casos rapidamente - ou até torcendo para que a quadrilha de Lívia dê cabo de todos os mocinhos da novela e tome chá de sumiço feliz da vida...