segunda-feira, 25 de agosto de 2014

Pirotecnia: uma ducha de água fria na boa intenção

O Desafio do Balde de Gelo mal desaguou por estas bandas e já começou a descer pelo ralo da mediocridade. No exterior, a pessoa despeja sobre si um balde com água e gelo, faz doações para entidades ligadas ao tratamento da Esclerose Lateral Amiotrófica (ELA), uma doença neurodegenerativa rara e letal, e desafia um amigo, que passa a brincadeira adiante. Aqui, o que vale é surfar nessa onda humanitária em troca de likes no Facebook e holofotes, como têm feito muitas celebridades - embora isso não seja exclusividade delas. Depositar uma quantia para apoiar a causa e postar o comprovante no Instagram ninguém quer...
Não é a primeira vez - e muito menos será a última - que pseudoengajados usam campanhas ou situações comoventes como um pretexto para atrair mais atenção a si mesmo do que à causa original (lembra-se daquela reação inteligente do lateral Daniel Alves ao racismo? Um zoológico teria sido insuficiente para abrigar tantos Homo sapiens doidos por 15 minutos de fama). Felizmente, nem todo mundo aceitou navegar no oceano da autopromoção. Que o digam o humorista Rafinha Bastos, que usou um balde vazio para criticar a falta d'água em São Paulo, e a apresentadora Xuxa, que não apenas pôs um ponto final em sua não participação na modinha, como também desafiou os colegas famosos a provar que realmente se preocupam com os portadores da ELA. Já disse Jesus Cristo certa vez: "Mas quando você der esmola, que a sua mão esquerda não saiba o que está fazendo a direita, de forma que você preste a sua ajuda em segredo. E seu Pai, que vê o que é feito em segredo, o recompensará" (Mateus, 6:3-4). Em outros termos: quem pretende ajudar o próximo que preste a bendita (e sempre bem-vinda) caridade em silêncio, e não em um festival idiota de pirotecnia que apenas se presta a agregar publicidade pessoal.

[CINEMA] Crítica: Os Mercenários 3

O terceiro filme da saga roteirizada por Sylvester Stallone se presta ao simples e puro entretenimento, repetindo a fórmula dos longas anteriores: tiros, explosões, pancadaria (desta vez, com a ilustre participação dos lutadores profissionais Victor Ortiz e Ronda Rousey) e, claro, uma rodada de cerveja após detonarem centenas de inimigos e implodir vizinhanças inteiras sem pedir licença a ninguém. Também não poderia faltar o clássico autodeboche, que aborda aspectos da vida profissional e até pessoal dos artistas, como pode ser visto na cena em que os fortões resgatam o sarcástico Doctor Death, que cumpria pena por sonegação fiscal - assim como seu intérprete, Wesley Snipes, na vida real.
Não espere uma história mirabolante e sem rodeios. Aliás, este nunca foi o forte da franquia Expandables. Mas, se você faz questão de ficar por dentro da nova aventura de Barney Ross e seus amigos, lá vai: desta vez, os Mercenários têm pela frente um perigoso traficante de armas, Conrad Stonebanks (Mel Gibson), ex-membro e co-fundador do grupo. O vilão dá as caras em uma operação de rotina e põe os ex-companheiros para correr com seu poder de fogo superior, com direito a uma maldadezinha básica - ferir gravemente um deles - antes de fugir. Deduzindo que os veteranos não mais podem dar conta do recado (uma curiosa referência ao fato de Stallone, Schwarzenegger, Ludgren, Gibson e companhia já terem passado da hora de se aposentar) e sentindo-se culpado pela atual situação, Barney dispensa o grupo sem muito peso na consciência e corre atrás de sangue novo, convocando quatro novos integrantes - Smilee (Kellan Lutz), um ex-fuzileiro que ganha a vida em lutas clandestinas, Luna (Ronda Rousey), uma hostess dura na queda, Thorn (Glen Powell), um veterano especialista em ataques cibernéticos, e Mars (Victor Ortiz), um atirador da pesada. Posteriormente, a equipe ganha mais um novato, o tagarela Galgo (Antonio Banderas), que havia sido dispensado em um recrutamento anterior.
No âmbito geral, ninguém sai perdendo com essa salada mista da old school com a nova geração. Os atores principais revivem a época áurea do cinema de ação dos anos 80 e 90 (embora os tiroteios sejam um pouco mais tímidos em comparação aos outros dois filmes da série), enquanto o público tem mais uma oportunidade de vê-los reunidos em um mesmo filme. Se você simplesmente gosta de ver os bandidos caindo com uma bala enfiada na testa e não faz a menor questão de manter o cérebro ligado para entender a história, Os Mercenários 3 não vai te decepcionar.

Nota final: 7,5