domingo, 26 de maio de 2013

Desabafo de um estudante de Medicina

É uma pena que a mente limitada da população brasileira não consegue entender a profundidade do movimento. É fácil confundir uma profissão com sacerdócio, humanização com gratuidade, morte com erro médico, desmerecer uma carreira apenas pelo despeito, preconceito ou inveja, e ainda cometer a petulância de dizer que os médicos deveriam se mobilizar para solicitar mais estrutura para a saúde. O povo deveria se impor e reivindicar o que é seu por direito, diante da carga tributária deste país. É absurdo achar que nós nos sentimos ameaçados por médicos de outros países, que só se formam médicos medíocres nesta nação ou que um exame de ordem reprovaria a maioria dos formados no Brasil (o que serviria como um subsídio para abertura de mais faculdades particulares) e, na segunda-feira, lotar os prontos-socorros atrás de atestados, exames e consultas para laudos a fim de se encostar... É um absurdo diante do que vários colegas fazem com o pouco de estrutura para salvar tanta gente país afora, lutando contra gestores e toda sorte de politicagem suja para fazer a diferença, e ainda ser tachado de "mercenário, elitista e classista". Que venham então os cubanos, povo brasileiro! Daqui a 6 meses, conversamos para ver se as filas de atendimentos diminuíram, as cotas para raio-X, tomografia e ressonância aumentaram ou leitos SUS e UTI em hospitais e  postos de saúde se multiplicaram para vocês os usarem como consultório!

Leonardo Nascimento, estudante de Medicina

segunda-feira, 6 de maio de 2013

Copa ao som da malandragem

A caxirola, anunciada como a pegada musical da Copa de 2014, não tem atraído tanta simpatia do público, vide a enorme quantidade de exemplares atirados por torcedores do Bahia no gramado da Fonte Nova, durante uma partida contra o rival Vitória. Não concordo que alguém proteste contra a diretoria do clube de coração atirando objetos no campo (e, de quebra, assumindo o risco de ferir alguém), mas convenhamos que o episódio ocorrido no mítico estádio baiano ilustra a ameaça de insucesso que ronda o instrumento musical idealizado por Carlinhos Brown e criado em parceria com a Braskem, maior produtora de resinas termoplásticas da América Latina, e a The Marketing Store, que detém os direitos de comercialização do produto.
No meio dessa confusão, há um detalhe que os inventores da caxirola esqueceram de informar (ou não querem que ninguém saiba): ela não é exatamente uma novidade. Na verdade, trata-se de uma adaptação plastificada do caxixi, instrumento originário da África e incorporado ao berimbau nas rodas de capoeira - como aponta a pesquisadora Priscila Maria Gallo. O referido objeto pode ser ainda encontrado no Mercado Livre com preço médio de 9 reais - bem mais em conta do que o chocalho de plástico que os idealizadores, com o providencial apoio do governo federal, querem enfiar goela abaixo dos brasileiros a quase 30 reais por unidade...