terça-feira, 26 de abril de 2011

Games violentos não fazem pessoas violentas

Ainda não se sabe ao certo o que levou o desempregado Wellington de Oliveira a tirar a vida de crianças inocentes em uma escola municipal da Zona Oeste do Rio de Janeiro, mas os jogos eletrônicos considerados violentos - do naipe Counter Strike, GTA, Hitman e por aí vai - já estão sendo tratados pela mídia como corresponsáveis por atitudes violentas como a do assassino de Realengo. No último domingo (24/04), por exemplo, o Domingo Espetacular, programa da Rede Record, pôs mais lenha na fogueira com uma matéria sugerindo que games violentos levariam crianças e adolescentes a agirem de forma agressiva em sociedade. 
Talvez isso seja válido até certo ponto (especialmente no caso de crianças e pré-adolescentes, cuja personalidade ainda está em formação e, por isso mesmo, necessita de uma certa atenção dos pais), mas ressalte-se que a violência presente nos games não necessariamente se reproduz na vida real com a virulência apontada pelos veículos de comunicação. Para tanto, um sujeito precisaria passar horas diante do PC (ou da TV, caso esteja operando um console como o Playstation 3 ou o Xbox 360) e, ainda por cima, apresentar algum problema mental. Não é o caso de milhões de jogadores, de ocasião ou profissionais, que se sentam diante do PC todos os dias para atirar nos inimigos - controlados seja pelo computador seja por outros usuários - e nem por isso se transformam em matadores desequilibrados como Wellington. Responsabilizar os jogos pela violência humana é o mesmo que admitir que um sujeito se tornaria um maníaco sexual só de assistir a filmes eróticos com muita frequência. Também seria de pouco efeito banir do comércio tais produtos, uma vez que eles cairiam nas mãos dos usuários de qualquer jeito, através da pirataria.
Em vez de demonizar os jogos violentos, a mídia deveria organizar uma campanha por mais segurança nas escolas públicas, às quais alunos oriundos de famílias desestruturadas e traficantes de drogas são muito mais assíduos do que eventuais atiradores psicóticos, e por uma assistência mental mais ampla à população, justamente para evitar que indivíduos problemáticos venham a cometer barbáries como a protagonizada  na escola municipal carioca há pouco mais de duas semanas. Não são os Counter Strike da vida que produzem atiradores psicóticos como Wellington ou os dois moleques suicidas que mataram 12 colegas e 1 professor no Instituto Columbine, nos Estados Unidos. Esses cidadãos já apresentavam uma certa desordem psiquica e, mesmo que não tivessem disparados tiros por horas a fio em uma arena virtual, teriam praticado suas respectivas atrocidades de uma forma ou de outra.

terça-feira, 12 de abril de 2011

O besteirol do desarmamento

Mal se consumou o massacre de Realengo e o governo federal já decidiu organizar uma nova campanha de desarmamento da população civil, desta vez prometendo pagar mais rápido as recompensas a quem se desfizer de seu revólver ou espingarda. Nada contra a boa intenção da equipe de Dilma Rousseff em fazer do Brasil um país menos violento, porém atrevo-me a rotular tal medida de "inútil do ponto de vista prático".
Para começo de história, o desarmamento atingiria somente os cidadãos de bem. Bandidos não costumam abrir mão de suas ferramentas de "trabalho" e elas continuariam acessíveis de qualquer jeito, especialmente em virtude da corrupção policial e da porosidade das divisas nacionais com outros países sul-americanos. Além disso, o problema está enraizado não nas armas de fogo em si, mas em quem decide apertar o gatilho. Caso contrário, as taxas de homicídio a bala seriam muito maiores (e não menores, na realidade) em países desenvolvidos. Combater a violência urbana tirando pistolas e espingardas de circulação é o mesmo que combater a pirataria  digital proibindo todo mundo de comprar CD ou DVD virgem.